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Archive for the ‘editor de livros’ Category


Economia e Poder – Como bilionários produziram guerras e recessões econômicas – Grupo Bildeberg

Neste 20 de março, morreu, aos 101 anos, o bilionário americano David Rockefeller, ex-presidente do Chase Manhattan Corp e patriarca de uma das mais famosas e influentes dinastias americanas.

davidNo livro, Política, Ideologia e Conspirações – de Gary Allen e Larry Abraham( Faro Editorial), os autores denunciam diversos crimes mundiais, como crises financeiras e guerras, patrocinadas pelas famílias mais influentes do mundo, em especial Os Rockfeller, citando diretamente tanto David quanto seu irmão, Nelson. Este, impopular para ser Presidente, fez algo melhor, passou a controlar Nixon.

Os irmãos participaram ativamente do grupo Bildeberg, que visava construir ( e comandar) uma nova ordem social no mundo.Tal grupo uniu esforços das elites de poder da Europa e Estados Unidos. David era o seu principal representante nos EUA.

A obra explica, em detalhes, porque todo banqueiro se diz socialista e como intervêm em questões críticas e criam disputas entre diferentes grupos políticos, mas ganhando sempre, independente de quem vença cada jogo.

política ideologia e manipulação paginas rockfeller_Página_1

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Abaixo, trecho do livro (páginas 133 e 134):

A base da propaganda comunista é, desde a década de 1920, a promessa de destruir os Rockefeller e outros super‑ricos. Contudo, descobrimos que desde os anos 1920 os Rockefeller estão empenhados na construção da força dos soviéticos. Faz sentido? Se um criminoso vaga pelas ruas gritando a plenos pulmões que matará o João Silva assim que

tiver uma arma e você descobrir que o João Silva está às escondidas dando armas ao criminoso, só há duas possibilidades. Ou o João Silva é um idiota ou toda a gritaria é mera encenação, e secretamente o criminoso trabalha para Silva. Os Rockefeller não são idiotas.

Enquanto David controla a ponta financeira da dinastia, Nelson controla a política. Nelson gostaria de ser presidente dos Estados Unidos, mas, infelizmente para ele, seu nome é inaceitável para a vasta maioria da base do seu próprio partido. Depois de ser presidente, a melhor coisa do mundo é controlar o presidente. Supõe‑se que Nelson Rockefeller e Richard Nixon são ferrenhos adversários políticos. Em certo sentido, eles de fato são, mas

isso não impede que Rockefeller imponha seu domínio sobre Nixon. Na competição entre os dois pela nomeação do Partido Republicano em 1968, Rockefeller naturalmente teria preferido ganhar o prêmio, mas a despeito de quem vencesse, ele controlaria o mais alto posto oficial do país.

Convém lembrar que no meio da elaboração da plataforma republicana em 1960, Nixon saiu de repente de Chicago e foi a Nova York para encontrar‑se com Nelson Rockefeller no que Barry Goldwater classificou de “a Munique do Partido Republicano”. Não havia nenhuma razão política para que Nixon rastejasse para Rockefeller. A convenção estava costurada a seu favor. Qual o sentido, então?

Em The Making of the President, 1960, Theodore White observa que Nixon aceitou todas as condições que Rockefeller impôs para o encontro, inclusive as provisões de que “Nixon em pessoa telefonasse a Rockefeller pedindo uma reunião; que eles se encontrassem no apartamento de Rockefeller… que a reunião fosse secreta e noticiada posteriormente à imprensa por meio de comunicado do governador, não de Nixon; que se anunciasse claramente que ela ocorrera a pedido do vice‑presidente; que o relato das políticas resultantes da reunião fosse longo, detalhado e inclusivo, não uma nota sumária”.

A reunião produziu o infame Acordo da Quinta Avenida, no qual a plataforma republicana foi jogada no lixo e substituída pelos planos socialistas de Rockefeller. Em sua edição de 25 de julho de 1960, o Wall Street Journal comentou: “… um pequeno grupo de conservadores dentro do partido… é empurrado para as margens… Os 14 pontos são de fato totalmente

de esquerda; eles compreendem uma plataforma de muitas maneiras semelhante à do Partido Democrata e estão muito distantes daquilo que os conservadores acreditam que o Partido Republicano deve defender…”

Como coloca Theodore White: “Jamais a guinada esquerdista quadrienal dos moderados do Partido havia sido tão abertamente dramatizada quanto foi pelo Acordo da Quinta Avenida. Qualquer honra que tivessem conseguido obter pelos serviços prestados à comissão da plataforma do partido fora arrasada. Uma reunião de uma única noite entre os dois homens em um milionário tríplex… estava prestes a indeferi‑los; eles foram desmascarados como palhaços para o mundo inteiro ver.”

Sem dúvida, a história completa por trás do que aconteceu no apartamento de Rockefeller jamais será conhecida. Podemos apenas fazer uma suposição razoável à luz dos eventos subsequentes. Mas o óbvio é que desde aquele momento Nixon passou a estar na órbita de Rockefeller.

Depois de perder para Kennedy por um fio de cabelo, Nixon, contra sua vontade, e a pedido (ou ordem) de Rockefeller, entrou na disputa para governador da Califórnia e perdeu. (Para mais detalhes, veja o livro Richard Nixon: The Man Behind The Mask, de Gary Allen.) Depois de perder para Pat Brown na corrida pelo governo da Califórnia em 1962, Nixon foi universalmente consignado à lata de lixo da política.

Ele deixou de exercer a advocacia na Califórnia e foi para Nova York, onde se tornou vizinho de Nelson Rockefeller, seu suposto arqui-inimigo, em um apartamento cujo aluguel era de 100 mil dólares por ano, em um prédio de propriedade de Rockefeller. Depois, Nixon foi trabalhar no escritório de advocacia do advogado pessoal de Rockefeller,

John Mitchell, e nos seis anos seguintes passou a maior parte do tempo viajando pelo mundo, primeiro reconstruindo sua reputação política e depois fazendo campanha pela nomeação republicana de 1968. Ao mesmo tempo, de acordo com a sua própria declaração de bens, seu patrimônio líquido foi multiplicado muitas vezes, e ele se tornou bastante rico. Nelson Rockefeller (e seus colegas do establishment esquerdista do Leste), que ajudou a tornar Nixon aceitável para os conservadores ao aparentar se opor a ele, resgatou Nixon do ostracismo político e o fez presidente dos Estados Unidos. Não faz sentido que Nixon, o homem de ambição voraz cuja carreira havia chegado ao fundo do poço, tenha precisado fazer alguns acordos para alcançar sua meta? E ele não terá contraído enormes dívidas políticas em troca de ser feito presidente pelo establishment esquerdista do Leste?

 

Compre:

Livraria Saraiva: http://migre.me/wl9Kj

Livraria da Folha: http://migre.me/wl9J5

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Curso:

 

writers dreamPúblico alvo: Autores, editores, pareceristas e tradutores de livros.

Este é o curso que sobre a vida prática do trabalho de edição. Ele se divide em dois caminhos:  uma parte teórica voltada para a edição e seus processos e uma parte sobre a experiência prática, com orientações sobre redação, criação e edição de textos.

Trata-se de um check list de fases de edição de um texto. Para o autor é algo que ele precisa atentar antes de submeter à apreciação de editoras.  Para o editor de texto e tradutor, será uma ferramenta de análise e verificação da qualidade, uma reflexão dos limites da intervenção num texto, bem como do que precisa ser trabalhado.

O curso também será útil para quem realiza análises críticas de textos, abordando aspectos e opções sobre o que pode e deve ser revisto pelo editor de textos ou pelo próprio escritor. Trata-se de algo tão importante para melhora do oficio do escritor, ampliação do olhar crítico sobre seu próprio texto, o que consequentemente aumenta suas reais possibilidades de contratação e de leitores.

Qual é a proposta?

Para um autor ele pode indicar como um livro será lido, que erros são mais observados que outros;  para um editor, tradutor, revisor ou preparador de textos ele orienta o olhar sobre as questões mais importantes, aquelas que podem e precisam ser resolvidas.

Inclui exercícios práticos em aula, para demonstrar algumas técnicas acerca da edição de um livro, sempre sob o olhar de um editor.

 

Alguns tópicos

As 5 fases de edição de um texto – Check list

Os Erros mais comuns na ficção

Parte prática e parte teórica – Estudo de cases – textos publicados e não publicados

Divididos em grupos, serão distribuídos textos para os participantes identificarem os problemas mais graves. E resolução em conjunto.

 

Enquanto a Escrita deve priorizar          

Criação – Incluir texto, informações, ideias – Apresentar algo – Registrar – Revisar – Sentir-se intimamente envolvido – Ser um produto imediato, ingênuo, intuitivo – Fazer uma bagunça.

A Edição deve priorizar

Crítica – Adicionar e remover textos – Melhorar – Registrar – Revisar – Colocar-se razoavelmente objetivo – Burilar, refinar – Arrumar, organizar

 

 

Professor

pedroPedro Almeida

Editor – Publisher da Faro Editorial – Curador do Prêmio Jabuti

Jornalista e Professor de Literatura, com curso de extensão em Marketing pela Universidade de Berkeley. Experiência profissional de 24 anos atuando na gestão de editoras de pequeno e médio porte e de Publisher em editoras de grande porte, nas áreas de ficção, não-ficção e desenvolvimento pessoal, tendo realizado diversos projetos nacionais e internacionais.

Atuou como editor para as seguintes editoras: Madras; Landmark; W11 editores; Editora Francis, Ediouro, Novo Conceito, Leya, Lafonte e Saraiva. E como editor associado para Arx; Caramelo e Planeta. Escreve regularmente para o Publishnews, coluna: Leia antes de ver, sobre o mercado editorial, é um dos curadores do Prêmio Jabuti e Publisher e sócio da Faro Editorial.

 

Serviço:

Edição em Brasilia

Data:  5 de maio, sexta, das 09 às 18hs. Valor do Investimento: 350,00

Inclui: coffee breaks

Local: Auditório do Colégio Inei Sigma (SHIS QI 7 CJ 17, Lago Sul, Brasília / DF)

Mais informações: Elaine Cambraia. Email: elainecambraia17@gmail.com

Realização: Casa de Autores de Brasilia

Apoio: Publishnews e Câmara Brasileira do Livro

 

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Uma carta de amor, anônima, é encontrada pela dona de uma livraria… e, ao terminar de ler, ela fica hipnotizada, como se aquela carta tivesse revolvido sentimentos que há muito estavam adormecidos…

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“Meu amor,

Você sabe o quanto sou apaixonado por você? Estou sonhando? Será que posso acordar? Perder o equilíbrio, pisar em falso … despedaçar meu coração?

Eu sei que estou apaixonado a cada vez que te vejo. E também quanto estou distante. Nenhum músculo se move. As folhas das árvores caem por qualquer brisa. O ar apenas existe. Eu fiq

uei totalmente apaixonado sem ter dado nenhum passo…

Você representa tudo o que seria errado, algo que eu deveria tentar esquecer, mas eu não ligo para esses pensamentos… pois só consigo pensar em estar contigo.

Quando estou perto de ti, sinto o roçar dos seus cabelos acariciando o meu rosto mesmo quando isso não acontece. Algumas vezes olho para você à distância, então corro para estar perto

 novamente. E quando eu calço os sapatos, descasco uma laranja, dirijo meu carro, ou a deitar a cada noite … eu sempre permaneço, seu”

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Em uma cidade na Nova Inglaterra, Helen (Kate Capshaw), a dona de uma livraria, encontra uma carta de amor anônima entre as almofadas do sofá. Helen acredita que a carta é destinada a ela e tenta descobrir seu autor, pensando em vários homens da cidade. Então inicia um affair com Johnny (Tom Everett Scott), um jovem empregado da livraria, mas acontece que Johnny leu a carta por acaso e pensa que foi Helen quem a escreveu para ele. Então essa carta passa de mãos em mãos e outras pessoas da cidade lêem, cada um achando que aquela carta foi escrita para si.

O filme, “the love letter”( a carta anônima, 1999), baseado no livro de Catlheen Schine, 1995 é o raro filme que agrada mais as pessoas que o livro. Tratado como uma comédia romântica, e contando com um casting especial ( Ellen De Generes; Tom Selleck), aquela bela carta de amor movimentou os solteiros, os que haviam desistido do amor e os que estavam em relacionamentos mornos da cidade. A carta sem destinatário, reacendeu a libido, as fantasias e deu coragem a homens e mulheres para seguir seus sentimentos.

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É com este filme que quero tratar o tema de hoje, cuja mensagem fala da maior força que um texto deve possuir: de fazer seu leitor sentir como se o texto fosse escrito para ele, cada um, individualmente.

Agora imagine a cena:

Uma mulher se muda para uma pequena cidade. Abre uma livraria, trazendo muitos dos seus livros preferidos, mas ninguém quer aqueles livros. Passam a destratá-la publicamente, e alguns moralistas promovem um boicote.  Então ela decide criar edições especiais de seus livros. Tão especiais que eram feitos quase que individualmente para cada pessoa. A mágica então acontece. Todos começam a comprá-los compulsivamente … cada um por seu próprio motivo.

Agora troque livro e livraria por chocolate, e temos aí o segundo filme que queria mostrar. Nele, a personagem vivida por Juliette Binoche, sendo culinarista atua como uma editora.  Ela chega na cidade e percebe que será difícil conseguir que a deixem seguir com sua vida e sua loja de doces.  Então começa a oferecer chocolates para cada um, descobrindo seus gostos, interesses, desejos. E como é bo

Imagema em reconhecer o que os outros querem, acerta. E a notícia corre, como num ato de mágica…

Esse é outro filme que vale a pena ser visto ou assistido novamente com esse olhar, de que a confeiteira está ali numa posição de editora, que é a de qualquer empresário que desenvolve, escolhe o produto que vai produzir, vender, pensando no universo de questões de seu possível público consumidor.  Então chegamos no tema da coluna.

O “dom” de escrever para os leitores

Uma coisa que tento visualizar nos livros que analiso é separar entre aqueles escritos para si, para os pares/críticos ou para os leitores.  O primeiro tem pouco público, geralmente a família; o segundo, um nicho; o terceiro, tem um número imenso de possíveis leitores. A diferença é sutil, muitas vezes difícil de ser identificada ou distinguida por um conjunto de características, mas depois de algum treino é possível entender aspectos comuns entre um tipo de texto dos outros.

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Creio que a origem desse problema – a direção do foco da leitura – , reside em nossa  formação cultural. Na infância, somos treinados desde pequenos a escrever para nosso avaliador, o professor/os pais. Quem não se lembra de ter escrito ou ouvido a declamação de redações premiadas, ainda que escritas na “voz” de criança falasse sobre conceitos de responsabilidade, paz mundial, fome na África, guerras, sustentabilidade, etc.  Temas que não faziam parte do universo cotidiano infantil, mas agradavam os professores e aos pais, pois falavam de temas de interesse que eles queriam que as crianças estivessem a par. Eu vivi um número enorme dessas redações, e nem me lembro se naquela fase achei que valia a pena escrever sobre temas de interesse mais pessoal, mas havia uma certeza: não era um caminho apreciado pelos adultos.  Uns 20 anos depois reencontrei algumas dessas redações. Eu as relia e sentia uma vergonha imensa, tanto que fui perdendo uma a uma com o passar dos anos. Eram coisas que não valiam guardar.

Textos campeões de cartas

Mas desde que comecei a trabalhar em editoras passei a prestar atenção naqueles autores que se tornavam os campeões de cartas. Venho colecionando esses cases há vários anos porque algumas coisas são de chamar a atenção, especialmente o fato de que aconteciam tanto em literatura quanto em não ficção, em autoajuda ou livros técnicos, sem distinção.  Ficava intrig

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ado sobre qual era o ponto.  O que fazia o leitor gostar tanto daquele texto, a ponto de tocá-lo tão pessoalmente, provocando uma escrita, uma carta de agradecimento à editora, o envio de um relato pessoal, um comentário feliz?

E outro aspecto ainda mais interessante para mim foi ver que alguns daqueles livros nem mesmo eram escritos exclusivamente pelo próprio autor.  Alguns tinham um redator profissional balizando a escrita, quase um ghost writer.

Ainda vi nesses campeões de feedbacks textos de escrita bastante simples, quase plana. Então percebi que a questão era ainda mais complexa, pois alguns dependiam da forma, outros do conteúdo, mas em geral, uma combinação incertamente equilibrada entre um aspecto e outro. Passei a chamar privadamente esses aspectos de alma.  Eram textos que possuíam uma, certamente.

Então parti para outra proposta da discussão, ainda mais complexa: o que produzia aquela qualidade tão rara e tão buscada nos textos?  Seria um dom? Um aprendizado especial? O formato do pensamento, do mundo interior, traduzido em palavras?  Um misto de tudo?

Eu não me sinto seguro em dizer, só sei quando enxergo. Nem todo livro em que vi esse “dom” se tornou sucesso, alguns foram sim, bem gigantescos, mas os que passaram despercebidos nas livrarias, porque para fazer grande sucesso não basta ser ótimo, pelo menos se tornaram long sellers. Suas vendas foram seguindo num boca a boca…  e isso levou a obra para algumas edições.

Quando penso em cada um deles e vejo a parte em comum só consigo enxergar uma falta de padrões, então não adianta por exemplo uma entrega total à produção do texto sem a entrega da alma.  E entregar a alma não requer técnica, uma análise metódica da própria escrita, mas do sentido que se quer com ela.  Do desejo e, sobretudo, da capacidade de oferecer ao outro uma experiência tão própria e vívida com foi consigo mesmo. É um processo como terapia. Não basta querer mudar a partir da compreensão do que se quer fazer, chegar. Tem de estar preparado! Tornar um texto pertencente ao outro é se colocar numa posição universal, sair do próprio lugar, tentar se afastar da posição central e oferecer tudo aquilo que gostaria que tivessem lhe oferecido, sem concessões. O que faz com que um livro assim não possa ser escrito numa tarde, num prazo curto, pois aí não se consegue essa reverberação toda, a compreensão global de todos  os elementos. A distância e maturação do pensamento se tornam necessárias. A posição de advogado do diabo, tentando extrair as vaidades, a autopromoção, a arrogância, coisas que não podem estar presentes de forma subliminar num texto que deve pertencer ao outro. E isso não significa que ele tenha de estar asséptico… não. Pode ser opinativo, forte, vigoroso sem ser autoritário.

Em minha experiência descobri que uma ideia ótima, realizada com muita simplicidade (textualmente) pode ser “consertada”, mas o oposto,  uma ideia elaborada com o mais perfeita combinação de recursos estilísticos, se for fraca, torna-se tediosa e impossível de recuperação.

Tendo mesmo acreditar que a escrita é um dom. Há formas de se burilar um dom, mas não de criá-lo. Cursos de leitura e escrita podem ajudar a melhorar a qualidade de quem sabe pintar bem as palavras, mas nunca de transformar radicalmente a qualidade dos textos de seus frequentadores. A sólida formação cultural oferece bagagem, conteúdo, informação, que pode ser utilizada de forma acumulativa num texto sem qualquer brilho e alguém com uma formação incrivelmente simples pode conseguir criar textos e histórias capazes de fixar nossa atenção, ainda que possam conter erros gramaticais e sua construção não possuir qualquer sofisticação. O aspecto democrático disso, prefiro ver assim, é que não há qualquer distinção de classe ou grau de instrução. Todo mundo já assistiu iletrados que são exímios contadores de histórias, não seria diferente na literatura. Felizmente há espaço para todos os tipos de escritores e o que cada um precisa é encontrar a sua voz, o gênero onde seu “dom” possa se manifestar.  Esse me parece o grande segredo.  Quando mais cedo uma pessoa encontra a sua voz literária, o seu tipo de escrita, seu tema, seu público, mais cedo ele vai sendo burilado.  São assim com os contadores de histórias, de piadas, os romancistas, os grandes repórteres, os memorialistas, blogueiros, cronistas…

Descobrindo seu próprio “gênero”, com esforço, cada um pode figurar entre os ótimos, os bons e os editores; estes últimos, diabos que privados do “dom”, tentam infernizar a vida dos seus autores, e muitas vezes, acabam ajudando-os.

Até a próxima coluna. Se quiserem fazer comentários, comente logo abaixo.

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Este é um artigo que recomendo a todos. Forçamos nossos jovens, que estão começando a ler, a travar contato com textos escrito para adultos há pelo menos um século atrás.  Há alguns anos falo sobre isso mas encontrei esse texto no site Portallos que inclui de forma brilhante a mesma experiência. Algo que gostaria de ter escrito (rs).  Vale a leitura e reflexão.

Literatura Clássica Nacional? ECA?

abr 23rd, 2010 O meu problema com a literatura clássica do Brasil é a forma como ela é apresentada ao brasileiro: na escola. Veja bem, não acho que a literatura clássica nacional seja ruim, pelo contrário, ela reflexe a história brasileira de grandes autores e da vida nos tempos antigos no páis, é um retrato histórico do país, mesmo que sejam fictícia. Mas vamos admitir, muitos clássicos são apresentados cedos demais aos jovem brasileiro.

O maior problema destas obras é a linguagem utilizada. Parece um outro português, quase uma língua morta. São tantas conjugações verbais bizarras, tantas formas de tratamentos antiquadas, tantas palavras que só o dicionário para explicar, não são obras de fácil digestão. E isso assusta qualquer pessoa não habituada com a leitura de livros. As histórias são antigas e muitas das situações também são complexas para o jovem entender, pois muitas situações históricas também são aprendidas na escola, mas não vamos nos esquecer que são 8 anos de ensino fundamental e mais 3 de ensino médio. Não era incomum, usando eu como exemplo, ter que ler um livro de um determinado período histórico que ainda nem tinha visto como era na aula de história, isso quando víamos, porque se tem um matéria que é extremamente mal ensinada na escola é história brasileira. Era difícil encontrar um professor da matéria que sabia mais do que o livro escolar ensinava. Então temos duas situações que afugentam os jovens, a linguagem arcaica e o fator histórico inconpreensivo as vezes.

Novamente, as obras não são ruins, só que a forma como tomamos conhecimentos delas é totalmente inapropriada. É bem comum você encontrar um aluno de ensino fundamental e médio que odeie ler. E se lê, limita-se apenas aquelas às quais é obrigado, porque fica com aquela idéia de que todo livro é complexo, chato e arcaico como os apresentados na escola. E assim surge aquele “pré-conceito” de que o hábito de ler está longe de ser algo prazeiroso. Não é à toa que a literatura moderna brasileira não é tão rica quanto a internacional. Existem poucos autores que realmente ganham fama e trazem conteúdo de qualidade, afinal falta brasileiros com o hábito da leitura para comprar estes livros. E a culpa começa lá na escola, com a professora fazendo sua classe engolir tais obras clássicas, não quero nem citar exemplo para não ofender ninguém. Tudo bem que parte dessa culpa não é bem da professora, mas do Ministério da Educação, que obriga que as escolas tenham tais obras no curriculum escolar.

É um problema que também é difícil de se solucionar. Pois, os jovens tem que se habituar com o hábito da leitura e perceber o quão prazeiroso isso pode ser, mas o que dar para o aluno ler? Obras juvenis internacionais? Não seria menosprezar o conteúdo nacional? Coisa que parece que o nosso Governo tem um medo danado de acontecer. É complicado, porque temos livros de leitura fácil, mas estão longe da qualidade de enredo que um livro como Harry Potter pode causar ao jovem. Me lembro vagamento da coleção Vaga-Lume, alguém se lembra? Eu lia isso na escola por obrigação, a leitura é realmente bem mais simples e leve do que literatura clássica, mas admito que na época já achava muita das histórias tediosas e chatas, afinal, também já era leitor de quadrinhos da Disney, Marvel e até Turma da Mônica, que sempre tem uma linguagem mais juvenil. Quem tiver curiosidade, segue o link com a lista da coleção Vaga-Lume.

E chegamos naquele impasse. Nossas obras clássicas são complexas para a garotada, porém a literatura infanto-juvenil também é pra lá de bobinha frente aos enredos que esse público encontra em outros meios de entretenimento, como HQs, Videogames e Séries na TV. Não sobram muitas escolhas para agradar o estudante e o convencer que a leitura é algo bacana e que livros são essenciais para um certo senso de cultura.

Eu vivenciei isso, até hoje, mesmo sabendo que as obras são assim e por isso são clássicas, ainda não consigo ter prazer ao ler algo arcaico. Por sorte na escola em que estudei tinha uma biblioteca que era rica em outros livros mais interessantes, até hoje me lembro o quanto ficava empolgado lendo Viagem ao Centro da Terra de Julio Verne. Peguei o gosto da leitura assim, com livros bacanas, em geral internacionais, encontrados ocasionalmente na biblioteca da escola. Mas em contrapartida, sempre odiava aqueles nas quais os professores me obrigavam a ler.

Fonte: http://www.portallos.com.br/2010/04/23/especial-literario-o-xango-de-baker-street-reflexao-sobre-literatura-classica-nacional/comment-page-1/#comment-41143

by T_thiago.

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 … e nem causa dano?

Eu fico ligado o tempo todo nessa questão de preconceitos e vinha meditando sobre porque acho que o livro não deve ser empurrado goela abaixo.

Creio que sobre o livro em questão, mesmo que seja um clássico, ele sustenta um vocabulário antiquado, preconceituoso.  Deve ser banido?  Nunca, mas é preciso pesquisar o outro lado e talvez não deva ser distribuído largamente.

Uma pergunta que não vi ser feita: Alguém conversou com professores negros sobre este assunto?  Sim, porque chega de gente que não é diretamente atingida por um fato decidir sobre ele( é como dar aos homens o direito de decidir se as mulheres podem abortar) não adianta empurrar um livro e obrigar quem está na sala de aula a se virar com o preconceito.

Eu conversei com um editor que respeito bastante nesta semana que me convenceu de que não era o unico a pensar diferente.  Ele foi editor da Loyola por 13 anos e hoje é dono da própria casa, a Parábola Editorial. Marcos me diz que o preconceito, o bulling racial sofrido em sua infância, ainda é alvo de suas pesquisas no consultório de Psicanálise.

O que quero dizer com tudo isso:  Na resolução da questão, na crítica ao departamento que censurou o livro e que pretende manter a obra na sala de aula quem votou não são pessoas pessoas de campo.  É preciso perguntar se os professores querem usar o livro. Eles são os que devem se sentir confortáveis com o uso da obra em sala de aula.

Outros exercícios devem ser feitos:  como reagirão os alunos ao ler o trecho em sala de aula? Um autor de livro tem o status de poder e se ele trata um negro assim em seu texto porque os demais alunos não o fariam da mesma forma?

Banir uma obra é um recurso drástico. Alguém pensou em alternativas nesse texto, como editar?, ou isso seria um crime inafiançável?  Nem tudo o que Lobato escreveu presta ou estava certo.  Seu combate ao novo, como na semana de 1922 é um belo exemplo disso, mas depois do veto da obra todas as autoridades se levantaram contra a censura, esquecendo que racismo hoje é crime e que a educação é algo que deve ser oferecido também na escola.

Outra opção, colocar a informação de forma explícita no livro, indicando o preconceito da época, que aceitava comparar negros a macacos, e os brancos não achavam isso nada demais.  Ou que negros, por conta da condição de minoria ou porque estavam alijados do processo de educação acabavam não sendo ouvidos.

O que está em jogo? Uma grande compra governamental?

Em meu curso de Letras, na aula de literatura com um Prof. Dr. da USP, ele dizia sobre o texto de Os Sertões.  “Leiam a partir da metade do livro”, e justificava que o início tinha um valor histórico, mas continha muita crença pessoal que havia caducado com o tempo.  Eu li e concordei, por isso não concordei com essa celeuma sobre Lobato.

Alguém tem outras idéias sobre o que fazer com a obra?

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