O Nome da Rosa
O filme que trago hoje, “O nome da rosa”, baseado no livro de Umberto Eco, é considerado por muitos como O filme da década de 80 e, para mim, filme novo é filme (bem realizado) que você não viu. Mas também vale a pena rever, pois um tanto da mensagem não é explícita, pode ter passado despercebida, e o filme é um bom entretenimento. A história leva o Monge Willian de Baskerville ( Sean Connery) a um grande mosteiro católico no norte da Itália. Lá, começou a acontecer uma série de assassinatos e ele começa a investigar. As pessoas eram encontradas mortas com os lábios e as pontas dos dedos roxos. Parecia uma assinatura de crime. Sem entregar o final, posso apontar uma das questões centrais relacionadas aos assassinatos. Um dos responsáveis pela grande biblioteca encontra uma forma de punir quem lesse livros que não creditassem a Deus um poder infalível, ou que incitassem os homens a ter uma independência espiritual. Num dos casos presentes na história, um monge é torturado e espancado por inocentar o tradutor de um livro em desalinho com os dogmas da Igreja. O tradutor não teve a mesma pena, foi queimado.
Os tempos mudam, mas algumas coisas sempre parecem iguais. Estamos atravessando uma nova fase no mercado editorial e dogmas relacionados a livros continuam fortes por aqui. Mas vivemos um momento de grandes mudanças no cenário editorial. Nem sempre a gente percebe como uma reação em cadeia tem início e, principalmente, as inúmeras consequências que ela provoca, muitas vezes em áreas bem próximas a nós.
O crescimento da Classe C trouxe uma massa de leitores que passaram a incluir livros em sua cesta básica. Isso mexeu com os gêneros de livros mais consumidos no Brasil. Romances femininos, livros religiosos e juvenis ampliaram em muito sua participação no mercado. Por exemplo, nas listas de mais vendidos anuais de 2005 a 2010 não havia sequer um livro de romance contemporâneo mais direcionado às mulheres. Hoje, esse número chega a ocupar 1/3. Esse é um dado importante.
Então as grandes editoras passaram a buscar títulos relacionados a esse crescimento e ao interesse do novo público e começamos a ver disputados leilões por – adivinhem? – romances eróticos, romances água com açúcar, tal qual no passado acontecia frequentemente com obras escritas por prêmios Nobel das variadas áreas das ciências e da filosofia. Estes últimos continuam a ter público, só não são os mais disputados pelas maiores editoras e com grandes lançamentos. Isso é ruim? Não vejo assim. A não ser se mantivermos a postura de As Senhoras de Santana, neste caso, como guardiões da alta literatura.
O público das obras mais profundas diminuiu? Não saberia dizer nem mesmo citar alguém que possa afirmar isso. Creio mais é que um novo tipo de leitor surgiu e eles são numerosos.
Assisto a uma das livrarias mais tradicionais, que antes era reduto da intelectualidade, se tranformar num espaço que convida novos leitores por meio de outras atrações, oferecendo títulos comerciais sem o pudor do passado. Há várias histórias também de quem não fez isso e teve de fechar. Um amigo me relatou o caso de uma famosa livraria da Zona Sul carioca que se recusava a vender livros de autores como Sidney Sheldon ou John Grishnam nos anos 90. Essa livraria fechou. E acho que todo negócio/empresa comercial que não se coloca em seu lugar, que tenta dizer o que o público quer em vez de oferecer o que ele quer, está fadado ao fracasso.
Há ainda uma frente de resistência a ser atravessada e chego finalmente ao tema que quis trazer na coluna. Parte da falta de hábito da leitura no Brasil, para mim, reside no fato de termos tratado a literatura como algo especial, sofisticado, elevado. Colocamos os livros numa posição inalcançável para a maioria dos mortais. Valorizamos sempre a literatura difícil e desprezamos autores e gêneros considerados comerciais. Na minha infância havia alguns valores pétreos que cristalizaram a relação das pessoas com os livros, para o mal: Um livro deve ser lido sempre até o fim, mesmo que você não goste. Se você não gostar de um clássico, o problema é com você. E outros absurdos como esse, tirando dos leitores o direito de decidir do que gostam e sua proximidade com os livros. Não é diferente do que fizemos com o nosso idioma, por décadas utilizado como elemento de discriminação, ridicularizando quem não utilizava as normas padrão, ignorando a dimensão e variedade deste país. Só para constar, o principal gramático da norma culta, que até os anos 90 era citado e respeitado, desapareceu das prateleiras e universidades.
Nestas semanas me deparei com reportagens e colunas em jornais que criticavam a qualidade de alguns livros que são fruto desse novo mercado. Fui pesquisar. Eram críticos de alta literatura e estavam criticando autores de literatura comercial, literatura juvenil, literatura fantástica e literatura de autoajuda. Pensei: Como estamos atrasados! Eu posso dizer que comecei a trabalhar no mercado editorial primeiramente como assessor de imprensa. Nessa época trabalhava em uma editora que produzia livros de autoajuda, religiosos e esotéricos. Era muito difícil encontrar algum espaço para matérias em jornais. Eu acabei percebendo que o que precisava fazer era melhorar meu relacionamento com os jornalistas e pouco a pouco fui conseguindo que eles dessem alguma atenção aos livros que eu promovia. No entanto, o espaço para o que não é alta literatura era mínimo e, depois de tantos anos e inúmeras explicações, um amigo editor que também passava pelo mesmo problema que eu travou um diálogo muito interessante com um jornalista de um grande jornal em SP. Ele perguntou: “Por que vocês não fazem uma entrevista com este escritor? Ele viajou o mundo, teve resenha no New York Times, no The Guardian, está no país para uma série de eventos, seus livros entraram nas listas de vários países…” O jornalista respondeu, “Nossos leitores do caderno de cultura não querem saber desses livros comerciais”. Meu amigo replicou, “Então por que nesta semana SEU caderno teve como capa O novo filme Batman 2?”. Do outro lado não se ouviu nada.
A frente que temos de avançar agora é na crítica literária. Eu tive a experiência de ver uma série juvenil de literatura que lancei ser criticada ferozmente por alguns críticos das principais revistas e jornais do país que resenhavam alta literatura. Um deles dizia que aquela série deveria ser censurada, outro dizia que era de mal gosto, outro disse que fazer aquilo era um crime. Como algumas matérias tinham uma versão eletrônica, vi um blog (gomademascar) postar: “E toda vez que puristas ficam horrorizados é sinal que algo de novo e interessante pode estar sendo feito”. Aos jornalistas respondi que estavam equivocados. Aquela série não era para eles, nem para os amigos deles, nem para pessoas da idade deles, nem para a sua expertise literária. Isso para mim acendeu uma falta na imprensa brasileira. Precisamos de gente especializada nas diversas áreas de publicação de modo que os críticos estejam mais próximos dos leitores. Não temos críticos de literatura comercial, de saúde, de autoajuda etc. Não é à toa que os blogs e sites pop crescem a cada dia, dentre eles o Omelete e o Joven Nerd. Nicholas Sparks, Sidney Sheldon, Charlaine Harris, Deepak Chopra – todos eles têm seus livros comentados em revistas como Publishers Weekly, NY Times, Booklist etc. Porque aqui passam batidos ou só são comentados quando atingem o topo das listas de mais vendidos? Não estaria a grande imprensa agindo como os padres que rezavam missas em latim voltados para o altar em vez do público? Muitas vezes vejo críticos de literatura focados em seu ego, tentando descobrir as novas sensações do mercado, em exibir sua própria erudiçao, ao invés de dar a conhecer ao público novas propostas nos variados nichos. Então inicio minha série de perguntas:
Por que tão pouca gente lê/entende esses cadernos literários? (faça essa pesquisa em sua família, e esqueça que você é do meio, pergunte ao seu primo que é engenheiro, ao tio que é técnico em edificações, à irmã que é dona de uma rede de padarias ou à tia que é professora de geografia). Minha pesquisa me disse que, exceto os que atuam como professores, os demais pulam esses cadernos como se fosse uma página de classificados.
Por que todos eles vêm perdendo espaço, e os jornais e as revistas literárias que não possuem financiamento público ou privado acabam fechando?
Por que nós ficamos até agora nesse descompasso de produzir e investir em literatura que parece feita para agradar a crítica e não fazia muito sentido para o público?
Nos anos 1980, o crítico José Paulo Paes defendia a necessidade de investimento na produção de uma literatura brasileira de entretenimento. “Numa cultura de literatos como a nossa, todos sonham ser Gustave Flaubert ou James Joyce, ninguém se contentaria em ser Alexandre Dumas ou Agatha Christie.” Essa constatação parece que enfim começa a ter eco. Eu a vi citada pela primeira vez numa matéria de Veja, ao resenhar um livro de Jô Soares, no fim dos anos de 1990, mas parece ainda tão atual.
Essa posição em relação à produção literária nos causou um atraso imenso. Impediu que tivéssemos há mais tempo autores de literatura de entretenimento. Poucos conseguiram quebrar o bloqueio que existia por uma armadilha-dominó: não havia valor nessa literatura, ela não seria comentada por nenhum veículo de imprensa, não dava prestigio à editora, portanto não era publicada. Editores queriam descobrir a nova sensação de alta literatura. Publicar livros comerciais, ainda que sustentasse as editoras, era quase uma vergonha para os pares e motivo de crítica no meio.
Somente nos anos 90 o quadro começou a mudar. Surgiram autores como André Vianco e seus livros de vampiros tendo o país como palco; Stella Florence, com sua chik lit ácida; Tony Belotto com seus policiais, e também Patrícia Mello. Estes dois últimos, aliás, publicados por Luiz Schwarcz, que iniciou nestes dias um novo projeto para sua editora, incorporando selos comerciais e títulos de autoajuda, chegando a considerar a publicação do tal romance erótico que balançou todo o mercado editorial [ o Fifty shades of grey].
Nossas editoras hoje já perceberam que não devem publicar para a crítica e amplia a cada dia o investimento em autores, mas temos muito a fazer e investir pelo menos 10 vezes mais, ao contrário do que alguns acreditam. Não produzimos nada ainda para o tamanho da demanda que existe, de modo que temos de importar quase toda a literatura comercial que publicamos. Foram décadas de literatura engajada, que tinha, entre outros propósitos, ser uma frente politica em face da ditadura e sua alienação, mas esse tempo passou. É como a lei velhaca de não precisarmos falar a verdade num tribunal, dando-nos o direito de não produzir prova contra si, mas que hoje interfere nas leis de transito e transforma qualquer processo numa aventura de décadas. O motivo, a ditadura, acabou. A lei precisa ser revista. E o fomento da literatura comercial deve ser incrementado.
Pergunto: não será esse valor arraigado um dos motivos de vendermos tão pouco livros de autores brasileiros no exterior? Porque a Espanha, a Itália, a Australia, a Suécia, a Argentina e tantos outros países com tamanho, população e produção literária tão menor que o nosso exporta best-sellers para todo o mundo e nós só tivemos o Mago Paulo Coelho com essa expressão internacional? Por que só investimos em mandar para fora autores clássicos, ou de interesse dos brasilianistas? Certa vez, quando apresentei um conjunto de autoras de chik lit para um editor americano, ele observou: esse gênero no Brasil tem alma própria. Tem uma linguagem mais ácida, mais irônica, menos certinha. As mulheres são mais fortes e os temas mais profundos. Gostei do que ouvi. Percebi um editor enxergar um valor diferente em nossas escritoras comerciais. E se houver estudo vão se descobrir qualidades em outros gêneros que produzimos.
Penso que é hora de os suplementos literários incluírem em suas indicações livros de todas as áreas. Mas que a crítica seja feita por quem conheça bem essas diferentes linhas, sob o risco de não ser ouvido por seus leitores. Precisamos de gente especializada, e não produzindo críticas de gosto pessoal. Caso contrário, veremos cada suplemento literário perder mais leitores como já aconteceu com as livrarias que não entenderam a sua função.
Em tempo: a série Jogos vorazes, de Suzanne Collins, é um sucesso mundial. Seus livros foram resenhados em todo mundo. Não aqui, com raríssimas exceções, qundo começou a ser lançada em 2010. No entanto, com o filme, todos os grandes veículos acordaram para o fato de que o conteúdo da trilogia é relevante, que a história é muito bem construída e teceram, agora, inúmeros elogios à autora. O livro ficou bom ou falta gente atenta a esse gênero na crítica literária?
Até a próxima coluna. Se quiserem fazer comentários, escrevam aqui.
Acho que o último parágrafo sobre Jogos Vorazes diz tudo!
Eu sinto muito falta de ver um vigor, um dinamismo mesmo na imprensa brasileira como vemos na americana/europeia. Aqui não há um jornalista/crítico que se preze a analisar romances comerciais ou autoajuda como se faz no The Guardian, por exemplo. As críticas aqui comentam muito forma, muito contexto etc. Mas nunca vejo uma crítica que apele pra aquilo que faz com que alguém decida ler um livro: “plot”, ritmo, momentos engraçados do livro, personagens cativantes. Acho sintomático da nossa relação com a literatura.
Fora que jornalista não é crítico, alguém precisa dizer isso pra eles! Não existe há décadas o modelo de jornalismo “Lima Barreto”, os jornalistas agora não possuem o menor repertório cultural pra isso — a crítica mesmo, que é o que eles tentam mimetizar, está na universidade, ou nos círculos mais intelectuais. (não gente, publicitário não é intelectual, quantas vezes eu tenho que dizer? rs rs).
No final temos meios de comunicação comerciais que, quando se trata de cultura, não querem se assumir como comerciais, preferem manter uma imagem de bastião intelectual.
(ps: estamos eu e Gabriela no chat discutindo a coluna há mil horas hahaha)
Oi Marilia,
Como fico feliz em ouvir isso. Adiei essa coluna por semanas, para ter o tom certo, sem parecer rancoroso. E há muito o que se discutir sobre isso. É hora de mudar…e vai acontecer de um jeito ou outro.
Beijao…
ps. sei que estou devendo umas coisas… me enrolei… mas vou mandar.
no problem, se ajeita aí!
Pedro, acho que você foi muito modesto ao postar o link no Facebook. 🙂 Seu texto de hoje não fala apenas sobre a falta de críticos para esses gêneros editoriais, não: fala muito, também, sobre a mania que as pessoas têm de julgar todo mundo pelo consumo intelectual. É uma ótima pensata sobre a patrulha cultural que, assim como essa literatura engajada que você cita, devia ter morrido com a ditadura.
Um beijo!
Gabi
Oi Gabi,
Muito obrigado… Há muitas frentes nessa historia. por exemplo: quem nesses veículos sabe criticar um livro sobre educação, mesmo um teórico. Duas semanas atrás Elio Gaspari fazia isso, sem nenhum preparo. Um editor amigo meu apontou, ele é especilizado na área e conhece o genero bem. Você é outro exemplo: gosta e sabe avaliar os autores de livros de Gastronomia como ninguém. Quem sabe fazer isso? que espaço esses livros tem nos jornais. Só se fala de um livro de culinária se ele tiver uma receita exótica ou for de um chefe com um programa num canal a cabo.
Gostei muito de seu comentário. É importante não se sentir sozinho quando se escreve algo que ataca o status quo.
Beijos
Excelente. Só acrescentaria a literatura infantil entre os esquecidos.
Olá José Roberto,
Muito obrigado por sua leitura. Você tem razão. Literatura infantil vive sendo avaliada ou por críticos que gostam dos autores clássicos( e fala bem do que virou unanimidade), ou por gente que escolhe os livros “bonitinhos”. Difícil é encontrar gente que saiba realmente o que está fazendo.
Forte abraço
Olá Pedro!
Acabei de ler seu post, foi meu primeiro contato com o blog e estou muito interessada nos os demais temas já publicados. Vou ter bastante coisa para ler.
Sobre o post, estou escrevendo um livro e mesmo estando no começo já estou com medo. Tenho um amigo que terminou um livro e me contou como é dificil publicar algo aqui no Brasil. Ao que parece as editoras tem o foco mais em autores extrangeiros do que nos do nosso país, com excessão dos autores brasileiros de renome.
Por ser nova procuro por livros lançados desde Sidney Sheldon á Steve Berry e George R.R Martin e procuro ler livros de várias categorias, mas sinto falta não só de criticos para literaturas como as que estão tomando conta das livrarias hoje em dia, como sinto de criticos para a literatura nacional.
Abraços,
É, de fato, confuso tentar entender esse meio literário, quanto à universidade e imprensa. Eu mesma por vezes acho uns absurdos, fico perdida… e mesmo entendendo alguns lados, acho que o problema é tentar conciliar todo mundo. Pelo que vejo de quadro recente, acho que estamos em mais uma crise de crítica literária. A entrada do contexto cibernético e informativo – que para nós parece algo tão comum – exigiu muitas mudanças e muita coisa por aí ainda está se adaptando; a crítica literária, a exemplo deste post. Como bem disseste, os tempos mudam, mas algumas coisas sempre parecem iguais. Se for buscar textos da história da crítica brasileira, pode crer que encontrará a mesma resolução: quem deve tratar, como tratar de Literatura? A briga maior na crítica foi por essa autoridade – briga feia com direito a xingamento em pleno jornal. Isso porque dentro do que pode se identificar como crítica acadêmica tem brigas piores, imagina quem está dentro olhando para fora.
Um ponto importantíssimo é o leitor. Se for verificar dentro da crítica, ele foi o último a ser considerado como estudo #maldade. Cada época tem seu leitor e cada literatura reflete um ambiente… é esse cada um que complica, é muita liberdade criativa para se assimilar.
Quando penso em crítica literária, acho o mesmo que perguntar “quem você quer dar privilégio na cadeia literária? O livro? O autor? A obra? O leitor?”. É aí que a crítica não fica acessível ao ‘leitor comum’, pois a este o interesse é pelo belo prazer de ler, não de ficar analisando aqui e ali, achar possíveis respostas, entender como que tal recurso contribuiu para tal coisa. Quem curte isso tem que ser da área mesmo… então o leitor tem que saber onde procurar o que lhe interessa. O mesmo para quem tem interesse em carros, arquitetura, cozinha, lei e assim por diante.
O que me intrigou um pouco nesse post foi a proposta de novos críticos. Tudo bem, crítica de diversas áreas de publicação parece uma boa, já que é ela que vai guiar seu público antes da leitura, levantar pontos para se observar e tal; mas, como li uma vez, o grande desafio da crítica é conciliar reflexão com objetividade e informação numa mídia que abrange vários públicos de uma vez só. No ambiente da crítica a preocupação geral é sobre a falta de discussões e polêmicas no meio literário… pra mim é mais sobre esse conciliar mesmo. Há muito tempo tem essa confusão de Literatura no Jornalismo… e dos anos 80 mais ou menos que entrou na mistura a Publicidade – se for verificar hoje, tem tido umas desavenças de parcerias publicitárias de editoras com blogs e outro mais. É um puxando o outro, exigindo do outro, seja Literatura, Jornalismo ou Publicidade, e quem mais vier para o futuro. Penso aí na crise.
Mas sim, quanto aos novos críticos, bom, eles ‘pipocam’ a cada dia… no ano passado a ABL comentou sobre a ‘morte do crítico’ – algo que eu achei absurdo assim de primeira – mas que se resume ao fato de que não existe mais modelo específico de crítico. Pedir por um especialista é meio que impossível… não só no meio literário. Tem muita gente fazendo crítica, fato, mas é porque se olhar para o mercado, não tem quem acompanhe tanta literatura saindo ao mesmo tempo, então sobra mesmo todos falarem um pouco de cada…
Eu também não entendia como a crítica literária podia ignorar tanto livro bom que se vê no agora. Realmente parece que ninguém vê, só tem olhos para o passado. Descobri que crítica acadêmica se trata mais ou menos disso mesmo, é uma característica dela: tratar apenas quando passou, porque vai ter um ‘olhar’ mais geral quando for fazer suas considerações/levantamentos. Para a crítica imediata, temos a chamada impressionista, que não tem métodos ou sistema de análise, é livre para leitor… é nela que se baseia então, acredito, as críticas sobre esses livros que estão saindo. No outro dia descobri que foram os impressionistas que descobriram a Clarice Lispector… muito tempo depois que a ‘renomada’ crítica foi olhar pra essa mulher.
E dessa amarra da crítica acadêmica que começa o ‘mal olhado’ para com os best-sellers. Tem muita literatura boa saindo. Jogos Vorazes ainda não tive a oportunidade de ler, mas Destino/Matched (Ally Condie) veio dessa tendência distópica também que, para mim… uau. Vai dá um belo estudo sociológico-cultural-psicológico-fenomenológico-histórico-[…], assim como outros devem prometer.
Eu poderia desatar a falar mais, tem outros pontos que achei super válios, adorei o post de verdade, mas caramba, escrevi demais!
Como li de um jornalista, o que nos une é uma mesma paixão, a Literatura, então haja caractere para falar, né?
Olá Klerianne
Muito obrigado por suas consideraçoes e idéias… Fico feliz com o retorno, pois quando a gente se coloca diante de uma questão tão estabelecida como esta se prepara para os ataques, mas tenho encontrado mais coro que ataques, então vejo que o caminho da mudança está pronto. abraços
Não sou critica literária, nem jornalista, tão pouco trabalho em editoras, mas sou uma escritora brasileira e sinto em mim mesma tudo isso que vc falou. Confesso que fiquei sem palavras ao ler sua coluna. Apaixonada por todo o tipo de literatura, sempre fiz este questionamento e nunca encontrei respaldo para o que pensava sobre o assunto, é como você disse: as pessoas parecem temer serem associados a algo que não é cultura da forma que o statos quo determinou ser. Há uma espécie de Fahrenheit 451, só que de uma forma simbólica: – O que eu não considero cultura, não existe (Muito bem citado o exemplo de Jogos Vorazes), ou queimo na fogueira de minhas palavras.
Eu ouço palavras como Literatura Comercial, de baixo repertório e coisas do genero e fico me perguntado o que eles querem dizer com isso?
Como escritora e leitora, acredito que literatura tem um sentido, mas tão distante do que a critica tenta pregar que chega a assustar. Na verdade um bom livro é aquele que pode: – Tirar alguém do lugar onde se encontra para levá-lo a outros mundos, outras épocas. Ser quem eles não são; amar sob a luz da luminária pessoas e seres fantásticos que a luz do sol eles nunca admitiram fazer (ou se expor). Acreditar que seu mundo pode ser cercado de vampiros, bruxas, demônios, anjos, super heróis, príncipes, homens e mulheres perfeitos…
Mas é bem difícil dar asas a este tipo de literatura aqui no Brasil. Gostei demais quando falou do “complexo” de James Joyce. Sabe, apesar da avalanche de livros publicados recentemente, nós escritores brasileiros temos uma dificuldade enorme para publicar nossos livros aqui.
Em resumo por que me alonguei demais neste comentário. É preciso que outras pessoas tenham a coragem de dizer o que você disse e ai quem sabe, a produção editorial de brasileiros possa florescer.
Se existe algum ponto positivo em tudo isso? Se me permite dizer, esses críticos que você fala viraram personagens de meu livro de estreia. Mas isto é outra história que não irei comentar aqui neste post.
Parabéns!
Muito obrigado por seus comentários… Quando for sair seu livro me avise… ficarei feliz em ler.
Olá, Pedro, tudo bem?
Há tempos não nos cruzamos aí pelo mundo editorial…
Acompanho suas colunas sempre que possível, e gosto muito. A de hoje, entretanto, merece cumprimentos especiais. Excelente! Reflexões mais que necessárias para todos nós, que fazemos dos livros a nossa vida, e para a sociedade brasileira em geral. Parabéns, abraços,
Sintia
Obrigado Sintia. Abraços
Pedro,
Faz tempo que não nos vemos, mas tenho te acompanhado.
Parabéns pela crônica de hoje. Está ótima. Realmente precisamos de crítica especializada para os livros de entretenimento. Os autores brasileiros estão melhorando muito em escrever entretenimento e precisam ser reconhecidos.
Também os leitores jovens merecem exercitar o gosto pela leitura com livros leves e divertidos.
beijo grande
Olá Vera,
Muito obrigado…. Enquanto escrevia pensei muitas vezes em te citar… tive receio de parecer cabotino, pois fui um avaliador de seu texto… Apesar de fazer tempo, lembro muito dele… gosto do seu estilo e tenho acompanhado seu trabalho. Beijos
Uma simples estudante de Gastronomia comentando: minha amiga de Letras me enviou o seu texto, ela se indentificou muito com suas reflexões, e me disse que toda essa ideia de livro comercial = falta de cultura, ainda existe, e muito, na universidade.
Ler é algo tão pessoal que toda vez que eu vejo uma crítica negativa de um livro, o leio só para ter certeza que não é a opinião pessoal do autor da crítica. E geralmente é. Enfim, parabéns pelo texto, não precisa ser do mercado literário para sentir falta de variedade, nós leitores já percebemos esse atraso brasileiro.
Abraços
Oi Lara, obrigado por dividir seus comentários. É muito bom ter esse feedback.
Olá. Estou passando por aqui só pra dizer que achei seu texto maravilhoso!
Foi refrescante ver alguém finalmente falando sobre esse assunto e de uma forma tão clara e honesta. Acho que os leitores se sentem bastante desamparados quando procuram por uma crítica que entenda o que eles
estão lendo e que dialogue com eles. Na verdade, acho que é pior do que isso: os leitores querem alguém que respeite os seus gostos. Acho que a situação atual já cansou. E no final de tudo, se isso não mudar, passaremos a nos valer só dos blogs literários, das redes sociais e dos sites pop.
Acho que é isso. Obrigada pelo texto de qualidade e por abordar esse tema tão legal de se pensar.
Abraços e até mais!
P.S.: Professores de Letras, por favor, leiam esse texto e parem pra refletir!
Muito obrigado por sua leitura entusiasmada, Rebeca.
Olá, Pedro.
Brilhante seu post! Sou escritor e faço um trabalho fortíssimo no “mundo paralelo” dos blogs de literatura. Posso dizer que há muitos críticos (e assim os considero, afinal de contas são leitores que dispendem seu tempo para falar de literatura) nestes blogs e que estão verdadeiramente antenados com o foco de suas observações. Há mais de mil deles, e acredito que haja mesmo este “movimento de baixo” que não será ignorado mais pela “grande indústria do livro”, pelo simples fato de que ele já é uma realidade.
Sim Maurício. As editoras acordaram. Que os suplementos façam o mesmo… abraços
Olá! Cheguei aqui por meio do link no Blog da Companhia, e fiquei muito feliz de descobrir seu blog. Seu texto é extremamente relevante, porque de fato isso acontece muito aqui, mas não vejo ninguém falando sobre. Ainda mais nesse momento particular do Brasil, com a famosa “chegada da classe C” ou coisa assim, vejo os preconceitos se aflorarem como nunca.
Eu sempre fui uma leitora, desde criança, e eu me lembro de que apesar de eu ler todos os gêneros, do clássico ao mais “comercial” (por falta de outra definição, que essa não me parece tão justa), eu sentia como se estivesse traindo a literatura quando, na livraria, buscava os lançamentos infanto-juvenis de livros fantásticos ou de “chick-lit” (no caso, uma versão juvenil dela). Com o tempo fui me desligando disso, e leio de tudo sem pudor algum. Acho que a relação entre leitor e livros deveria ser algo completamente promíscuo mesmo, sem esses preconceitos e amarras. Até porque só experimentando pra ver o que é que vai te agradar. Achei muito emblemático quando vi a notícia da Companhia das Letras sobre os novos selos.
Acho que um reflexo dessa lacuna apontada por você são blogs feitos jovens, que tratam desses livros ignorados pela mídia. Não sei se você já olhou o skoob, mas a rede, ao meu ver, suscitou uma onda de troca de impressões sobre esses livros, o surgimento de blogs para eles, bem como um movimento de troca e empréstimo de livros pelo país. Já mandei livros pra quase todas as regiões do Brasil, acho, nessas trocas. Eu, que sonho em trabalhar no mercado editorial, fico muito feliz com esse novo momento no Brasil, e, como estudante de jornalismo, também reconheço a importância e urgência da imprensa acordar pra isso.
Muito obrigado por sua leitura. Fico feliz em encontrar a cada dia mais pessoas para dividir essas idéias.
Olá, Pedro Almeida.
Estive lendo um texto seu no PublishNews, “Autores e seus editores: uma relação tão delicada”. No trecho a seguir:
“Tempos atrás o Publishnews transcreveu um artigo dos EUA que falava das obrigações de um autor e de coisas que ele precisa saber sobre o processo editorial depois que entrega o livro.”
não encontrei o tal artigo traduzido no PublishNews. Você poderia por gentileza me dizer o título para que eu possa procurá-lo? O assunto me interessa muito.
Obrigado desde já.
Vou procurar o artigo produzido por uma cadeia de livrarias nos EUA e te mando o link. Um abraço
Está tudo muito bem, mas há um risco que você, caro Pedro Almeida, esquece de levar em consideração. Ei-lo: em um país como o nosso, tragicamente, em razão de seu notório deficit educacional, tão pouco vocacionado às altas manifestações da arte e do pensamento, o incentivo massivo à divulgação/comercialização de uma sub-literatura, só pode levar a um amesquinhamento maior ainda e matar na raíz possíveis novas vocações para a alta literatura. Veja o exemplo da música. Depois do avento midiático da música sertaneja e do pagode (que de sertaneja e pagode nada têm), que outros músicos, que não esses, tiveram o apoio e canal nescessários para se expressarem? O Brasil, ao contrário de outros países (que podem, até certo ponto, se darem ao luxo desta banalização), já é tão pobre em escritores realmente relevantes, vai definhar de uma vez por todas se aqueles que compreendem o quanto a literatura de fato possui uma missão civilizadora e que, por princípio e tradição, não admite em suas hostes meros aventureiros gananciosos e sem o mínimo escrupulo, desistirem de buscá-la, de divulgá-la, de pruduzi-la. Sim. Será o fim.
Olá Carlos,
Respeito sua análise. Há todos os riscos que você cita, mas no caso da literatura, nós sempre a protegemos e o que isso gerou? Mais escritores, mais leitores? Não sabemos. Sabemos que impedimos o surgimento de autores de gêneros que são populares em todas as partes do mundo, menos aqui, por isso os importamos.
Veja. Padre Marcelo Rossi é, de longe, o campeão de vendas dos livros de auto-ajuda. Daqui a pouco será o de livro infanto-juvenil. Poderíamos ter um Stephen King ou uma Stephanie Meyer Nacional, mas não temos, ainda. O que quero dizer: a popularizaç~zao vai acontecer e não temos como impedir isso. Que invistamos então na produção nacional.
Como a questão envolve variações e defesas para todos os lados, penso que, por princípio, não devemos estabelecer um tipo de padrão sobre o que é bom ou ruim como temos visto até hoje. Há em nossa cultura uma crítica enorme sobre quem não gosta de alta literatura e penso que literatura boa é boa para quem lê, e não o inverso, isto é, não torna quem lê melhor que outro. Pois o conceito que temos aqui é de que quem lê alta literatura merece alguma distinção. É dessa cultura estúpida que falo.
Um livro é algo tão pessoal que deve fazer sentido apenas para o seu leitor. Ontem conversava com uma editora de uma das maiores editoras de alta literatura do país. Ela me dizia que tinha certeza de que um livro que publicou e esteve por 1 ano na lista de mais vendidos vendeu principalmente pela capa, depois de ser exposto nos cadernos de cultura. Eu concordo com ela. Temos uma massa de compradores de livros para por na estante. São verdadeiras obras de arte, mas não são para um grande público: não são fáceis, curiosas, interessantes e raramente são lidas ou compreendidas. Mas vendeu muito, pois sentimos necessidade de tentar ler um livro por ele ser constantemente indicado nos suplementos, mesmo que ele não seja para nós, nem tenha nos tocado pelo texto. O assunto poderia ser estendido continuamente, sem chegarmos a um consenso. Nem pretendo isso. Quis dar uma visão de minha experiência.
Também respeito sua posição, acredite, e, desde que as pessoas saibam o que buscar nos livros, é ótimo que o acesso a eles, quais forem, lhes seja facilitado. Mas a questão é: sabem elas, a partir de um anseio natural e legítimo o que realmente buscar nas páginas de um livro? Ou, se ao contrário, são simplesmente aliciadas pelos, em muitos sentidos, famigerados “formadores de opinião”, que, nos dias de hoje, transmutaram-se em “formadores de gosto”? Nossas preferências pessoais, por mais nossas que as queiramos ou as pensamos são, em alta medida, resultado de interferências e sugestões alheias, e quanto mais decisivas/massivas essas, menos participamos das escolhas.
Então, porque minha defesa intransigente da alta literatura? Não é por uma questão de esnobismo, menosprezo a formas menos elaboradas de expressão ou a pretensão vaidosa de pertencer a uma elite cultural, que não é o meu caso. Apenas defendo a alta literatura, a boa música, etc., porque elas, em função de sua complexidade consciencial (não dificuldade formal), de sua estética apurada, com seu compromisso com a liberdade individual, nos ajuda, num sentido crítico e humano, na hora de tomarmos nossas decisões e a calcular o alcance de sua influência. Carecemos, todos nós, de referências sólidas que reforcem nossa própria sensação de existência e de importância num contexto e cenários maiores, e não seria um Sephen King ou uma Suzanne Collins nacionais, com seus estereótipos e flagrantes apelos, quando não aos nossos mais baixos instintos, à saciedade de nossa displiscência e veleidades, que nos dariam.
Sei, poderão argumentar. Precisamos relaxar. Esquecer, nem que seja por alguns momentos, toda a problemática massacrante da existência. Esses, digamos, mundos paralelos que autores de literatura comercial criam, é um belo sucedâneo para nossa realidade espinhosa onde, muitas vezes, não vemos saída. E por que então ler Tolstói, por exemplo, que faz justamente o oposto? Que nos planta firmemente na realidade e nos compele ao enfrentamento?
Trago aqui um breve conto, se me permitir, que encontrei por acaso num desses tantos blogs literários, que ilustra surpreendentemente esse duplo estado de coisas. Seu autor chama-se Luis Narval.
BUDA, O VELHO, O DOENTE E O MORTO
Preservado.
Quem sabe pelo zelo altivo que temos para com os seres que amamos em demasia. Os quais, em nosso entendimento, se tornariam menos nossos, e minimamente mais seus, que não compensaria o risco de expô-los às perplexidades do mundo; quase sempre, para quase todos, estupidificantes.
Preservado.
Quem sabe para um gênero novo de degradação. Para uma higiênica degenerescência (guardada de podridões externas), na assepsia de um ambiente amorosamente condicionado.
Preservado.
Quem sabe simplesmente pela afeição temerária de um pai protetor.
Preservado…
Sidarta, depois de ter involuntariamente burlado a vigilância de seus protetores, viu e compreendeu o que só inteiramente desassistido poderia ter visto e compreendido.
No seu caso, a imaginação, essa poderosa “segunda visão”, que nos antecipa, e que de certa forma nos prepara para o surpreendente, para o agradável e o assustador, não lhe serviu de apoio ou sequer de escapatória.
O que ele viu, no entanto (vulnerável como os anjos que jamais imaginam), numa manhã, numa cidade emaranhada, como emaranhadas costumam ser as cidades; – o que ele viu simplesmente, temos mais imaginado do que visto.
Adorei!!! Talvez seja por esta razão, a sacralização da literatura, que demoramos tanto para descobrir o prazer, o simples prazer de ler um livro. Apenas pela boa história ali apresentada, independente se ela é boa para os críticos. Certamente temos muito o que aprender. Sempre fui amante de boas leituras, mas às vezes, sinto falta de pessoas falando sobre livros ‘normais’. Voltamos a velha discussão de alta e baixa cultura, parece que mesmo no séc.XXI contínuamos ultrapassados.
Me anima ver o quanto algumas pessoas não dão tanta bola para os ‘críticos’ e fazem questão de colocar seus gostos em primeiro lugar.
Ps. Quando tiver um tempo, veja a minha avaliação de Jogos Vorazes 😉 Foi um dos meus desafiios para se falar de livros ‘comuns’.
http://coisasdavidactx.blogspot.com.br/2012/04/cadeira-de-balanco-jogos-vorazes.html
Até a próxima
Oi Carol,
Li sua coluna. Gostei muito. Minha simpatia pelo livro é pelo mesmo caminho que o seu. Ele oferece a pessoas bem jovens uma visão critica da sociedade em que vivemos. E o faz de forma interessante, sem raiva, que é o usual.
Obrigado por seus comentários. Tambem sinto crescer essa nova corrente mais liberta da critica classica. É o processo de independencia que toma força.abracos
Bem,eu costumo ler no site Abcles de Daniele Hautequest.”nunca te vou te amar”escrito por KernelB(nick)Tem historias magnificas.Lá nós leitores somos criticos.Dê uma olhadinha lá,tem muitos talentos.Tipos como MEL BESSA,ASTRIDY GURGEL,DIEDRA RUIZ,NINNA,TAMARACAE,NICOLE GARNER,DRICKA SILVA,SARA LECTER
[…] Brasil, em sua última coluna publicada no Publishnews, falou sobre a necessidade do Brasil em ter novos críticos literários. Ainda alerta que: “A série Jogos vorazes, de Suzanne Collins, é um sucesso mundial. […]